No Crato um grupo de mulheres se une debaixo de uma árvore todos os dias para produzir artesanato de pano. Por isso essas artistas são chamadas de bonequeiras do pé de manga. O material já foi até para fora do Brasil.
Bem que parece brincadeira de criança, mas não é! Os bonecos de pano são artesanato e muito bem trabalhado. Tudo é feito de forma manual, sem pressa, mas com habilidade e criatividade de sobra.
No início, cada uma trabalhava em casa e produzia de forma individual, mas aí chegou um momento em que as encomendas aumentaram e elas sentiram a necessidade de trabalhar juntas todos os dias, até para trocar ideias de personagens e roupas. Depois de 2007 elas viraram as bonequeiras no pé de manga.
E o nome não poderia ser outro, afinal os encontros são realmente embaixo do pé de manga. A simplicidade de cada peça é justamente o que mais encanta. O colorido e a diversidade de personagens. Tem cangaceiros, noivos, papai noel e até um grupo inteiro de reisado.
A produção das bonequeiras já foi para vários estados do Brasil e até para o exterior. Mas a partir de agora tudo que for produzido está com destino certo.
Assim como o trabalho, os lucros também são divididos e dinheiro é o tipo de assunto que nunca deu problema.
As bonequeiras do Crato receberam nova encomenda para fabricarem peças com visual diferenciado
Crato. Bonecas grávidas, nuas, idosas, rindo e chorando. São as novas imagens das bonecas fabricadas pelas mulheres "bonequeiras" do Crato, um trabalho comunitário e educativo que nasceu debaixo de um pé de manga, no Bairro São Miguel, no Crato, e agora ocupa espaços nas principais exposições internacionais.
O novo visual das bonecas atende a uma encomenda da psicodramatista Elizete Garcia, que vem desenvolvendo trabalho de terapia ocupacional em São Paulo e países da América Latina, que tem como objetivo, segundo afirma, favorecer as relações vivas e diretas com as emoções, sentimentos e fantasias do sujeito, graças às possibilidades expressivas que permeiam a representação teatral. Ela não sabe ainda como serão utilizadas as bonecas nuas.
Encomenda
"Nesta última encomenda, foi sugerida uma diversidade de expressões faciais como: alegria, raiva, medo, vergonha, susto, entre outros". De acordo com Elizete Garcia, "na aplicação do Tatadrama a subjetividade projetada no objeto intermediário boneca de pano, possibilita a transformação no trabalho terapêutico, e os personagens idosos, crianças, gestantes, jovens mulheres e homens, expressadas nesta arte popular, contribuem para reflexões profundas sobre si mesmo".
O psicodrama, de acordo com Elizete, considera o exercício da espontaneidade e da criatividade, a aprendizagem de papéis e o desenvolvimento das redes relacionais como elementos facilitadores e transformadores do desenvolvimento social e pessoal do ser humano.
Elas trazem a simplicidade da estética popular e simbolizam uma imagem e identidade relacionada à vivência de cada participante, complementa a psicodramatista.
Podem ser modificadas em todos os sentidos - desde a estrutura dos membros, das vestimentas e dos cabelos. Com os exercícios propostos ao grupo, as brincadeiras com as bonecas representam movimentos, emoções e relações inter-pessoais, tornando-se um instrumento de recodificação de pensamentos e recordações, completando, dessa forma um jogo de transformação, contextualização e, ainda, de perspectivas.
Ao fazer este comentário, Elizete acrescenta que "se trata de uma abordagem sistemática sobre os sentimentos, emoções e relações, dando enfoque à importância entre o personagem e o ser, dentro de um contexto grupal e suas relações visando criar um espaço para a reflexão, na diversidade dos grupos, em processo participativo e dinâmico, assim conduzindo para que cada um redescubra quais são seus reais valores, desvinculados de modismos ou padrões estéticos e sociais atuais".
Terceira colocada da São Silvestre no ano de 2007, a mineira Maria Zeferina Baldaia não tem dúvidas em afirmar que o lugar no pódio começou a ser conquistado na véspera da prova. É que, no sábado anterior à corrida, a ex-cortadora de cana participou de uma oficina de criatividade denominada "Razão, Emoção e Corpo...".
Pé de manga.
Este relacionamento interpessoal começa debaixo de uma pé de manga, onde são confeccionadas as bonecas. Com a chegada das chuvas, as mulheres foram transferidas para um galpão. "Mas a mangueira continua lá, esperando o nosso retorno", diz a coordenadora do grupo, Gertrudes Leite Oliveira, acrescentando que a árvore é o "símbolo do nosso trabalho, nossas confidências e também das nossas dúvidas quanto ao sucesso do empreendimento".
O trabalho estimula a geração de emprego para a comunidade local. "O primeiro valor social despertado pelo projeto é o senso de participação desenvolvido nestas artesãs cratenses, que aprendem a importância, o significado e o objetivo de seu trabalho numa convivência solidária", diz Elizete, destacando o clima de amizade e solidariedade entre as "bonequeiras".
Quando o trabalho foi iniciado, em 2002, havia apenas uma bonequeira. Hoje, há mais de 40 mulheres que resgataram sua potencialidade inata de artesãs produzindo novamente as bonecas de pano que foram passadas de mães para filhas.
É um resgate da nossa infância, diz a bonequeira Francisca Piancó, destacando a diferença entre as bonecas vendidas na feira e as confeccionadas debaixo do pé de manga. "Aqui a preocupação é com a qualidade. Cada uma fabrica, no máximo, duas bonecas por dia. A unidade é vendida a R$ 3,00".
"Para mim a integração com este grupo de mulheres representa a possibilidade de brincar novamente, retornar à infância, me desligar dos problemas de casa e apenas curtir, brincar, relaxar", diz a bonequeira Edleusa Gonçalves.
O mesmo entusiasmo é manifestado por Marilaque Oliveira que, todos os dias, anda mais de 10 quilômetros de sua casa para a oficina de bonecas. Com apenas 18 anos de idade, a jovem Angélica Leite trocou o computador pelas bonecas. "Aqui, a gente estimula a criatividade", afirma Angélica.
Enquete
Diferencial
Francisca Piancó
Bonequeira
As bonecas fabricadas debaixo do pé de manga são diferentes das vendidas na feira. As nossas têm mais qualidade
Edleusa Gonçalves
Bonequeira
Para mim, a integração com este grupo de mulheres representa a possibilidade de brincar novamente, retornar à infância
MAIS INFORMAÇÕES:
Bonequeiras do Crato
Av. Perimetral, 235
(88) 9970.5137
E-mail: tudaleite17@yahoo
EVOLUÇÃO
Trabalho ajuda a construir a cidadania
Crato. "É incrível a criatividade dessas artesãs/ bonequeiras. Quando pego as primeiras bonecas enviadas a São Paulo, em 2002, as quais chamamos de ´primitivas´, a diferença é brutal, incrível como elas evoluíram no aspecto estético, de qualidade, beleza e criatividade. Já estão prontas para serem importadas para qualquer lugar do mundo", comemora a psicodramatista Elizete Garcia.
Para ela, as bonecas de pano do Nordeste tornam-se, assim, parte integrante da construção de um processo de conscientização para a cidadania, para uma economia solidária, além de representarem uma "cultura viva", capaz de mobilizar forças e articular movimentos iniciais de um processo de inclusão social.
Psicologia
Este ano, Elizete conclui o curso de graduação de Psicologia e o tema será sobre "Empoderamento das Bonequeiras no Pé de Manga". A proposta é fazer uma análise processual com enfoque qualitativo no material colhido todos esses anos, composto por vídeos, documentários, depoimentos, oficinas da vida Tatadrama e Jogos Psicodramáticos realizados no Crato com o grupo, compondo assim, uma pesquisa centrada em uma tríade temática: retirante, subjetividade e empoderamento.
"Você pode tirar o homem de sua terra, mas não pode tirar a terra de dentro do homem". Ancorada nesta frase deixada por um retirante nordestino que morou em São Paulo, Elizete, que saiu do Crato com seis anos de idade, mantém o seu amor telúrico ao Nordeste. As bonecas, segundo afirma, além da importância, social, econômica e cultural, fazem parte de sua infância sofrida.
Currículo
Elizete Leite Garcia é psicodramatista didata, supervisora sócio-educacional na Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama (ABPS); autora do Tatadrama®, ministra Oficinas de Criatividade Tematizada para Empresas e Grupos abertos na área esportiva, social, educacional e cultural desde 1999.
Ela desenvolve trabalhos com grupos de várias faixas etárias com níveis sócio-culturais e educacionais diversificados aplicados a mais de 2000 pessoas. Ela é também agente social na formação da identidade das bonequeiras no pé de manga, do Crato, com o Projeto de Inclusão Social das Artesãs/Bonecas de Pano do Nordeste Brasileiro - Tatadrama®, desde o ano de 2002.
Crato. Bonecas grávidas, nuas, idosas, rindo e chorando. São as novas imagens das bonecas fabricadas pelas mulheres "bonequeiras" do Crato, um trabalho comunitário e educativo que nasceu debaixo de um pé de manga, no Bairro São Miguel, no Crato, e agora ocupa espaços nas principais exposições internacionais.
O novo visual das bonecas atende a uma encomenda da psicodramatista Elizete Garcia, que vem desenvolvendo trabalho de terapia ocupacional em São Paulo e países da América Latina, que tem como objetivo, segundo afirma, favorecer as relações vivas e diretas com as emoções, sentimentos e fantasias do sujeito, graças às possibilidades expressivas que permeiam a representação teatral. Ela não sabe ainda como serão utilizadas as bonecas nuas.
Encomenda
"Nesta última encomenda, foi sugerida uma diversidade de expressões faciais como: alegria, raiva, medo, vergonha, susto, entre outros". De acordo com Elizete Garcia, "na aplicação do Tatadrama a subjetividade projetada no objeto intermediário boneca de pano, possibilita a transformação no trabalho terapêutico, e os personagens idosos, crianças, gestantes, jovens mulheres e homens, expressadas nesta arte popular, contribuem para reflexões profundas sobre si mesmo".
O psicodrama, de acordo com Elizete, considera o exercício da espontaneidade e da criatividade, a aprendizagem de papéis e o desenvolvimento das redes relacionais como elementos facilitadores e transformadores do desenvolvimento social e pessoal do ser humano.
Elas trazem a simplicidade da estética popular e simbolizam uma imagem e identidade relacionada à vivência de cada participante, complementa a psicodramatista.
Podem ser modificadas em todos os sentidos - desde a estrutura dos membros, das vestimentas e dos cabelos. Com os exercícios propostos ao grupo, as brincadeiras com as bonecas representam movimentos, emoções e relações inter-pessoais, tornando-se um instrumento de recodificação de pensamentos e recordações, completando, dessa forma um jogo de transformação, contextualização e, ainda, de perspectivas.
Ao fazer este comentário, Elizete acrescenta que "se trata de uma abordagem sistemática sobre os sentimentos, emoções e relações, dando enfoque à importância entre o personagem e o ser, dentro de um contexto grupal e suas relações visando criar um espaço para a reflexão, na diversidade dos grupos, em processo participativo e dinâmico, assim conduzindo para que cada um redescubra quais são seus reais valores, desvinculados de modismos ou padrões estéticos e sociais atuais".
Terceira colocada da São Silvestre no ano de 2007, a mineira Maria Zeferina Baldaia não tem dúvidas em afirmar que o lugar no pódio começou a ser conquistado na véspera da prova. É que, no sábado anterior à corrida, a ex-cortadora de cana participou de uma oficina de criatividade denominada "Razão, Emoção e Corpo...".
Pé de manga.
Este relacionamento interpessoal começa debaixo de uma pé de manga, onde são confeccionadas as bonecas. Com a chegada das chuvas, as mulheres foram transferidas para um galpão. "Mas a mangueira continua lá, esperando o nosso retorno", diz a coordenadora do grupo, Gertrudes Leite Oliveira, acrescentando que a árvore é o "símbolo do nosso trabalho, nossas confidências e também das nossas dúvidas quanto ao sucesso do empreendimento".
O trabalho estimula a geração de emprego para a comunidade local. "O primeiro valor social despertado pelo projeto é o senso de participação desenvolvido nestas artesãs cratenses, que aprendem a importância, o significado e o objetivo de seu trabalho numa convivência solidária", diz Elizete, destacando o clima de amizade e solidariedade entre as "bonequeiras".
Quando o trabalho foi iniciado, em 2002, havia apenas uma bonequeira. Hoje, há mais de 40 mulheres que resgataram sua potencialidade inata de artesãs produzindo novamente as bonecas de pano que foram passadas de mães para filhas.
É um resgate da nossa infância, diz a bonequeira Francisca Piancó, destacando a diferença entre as bonecas vendidas na feira e as confeccionadas debaixo do pé de manga. "Aqui a preocupação é com a qualidade. Cada uma fabrica, no máximo, duas bonecas por dia. A unidade é vendida a R$ 3,00".
"Para mim a integração com este grupo de mulheres representa a possibilidade de brincar novamente, retornar à infância, me desligar dos problemas de casa e apenas curtir, brincar, relaxar", diz a bonequeira Edleusa Gonçalves.
O mesmo entusiasmo é manifestado por Marilaque Oliveira que, todos os dias, anda mais de 10 quilômetros de sua casa para a oficina de bonecas. Com apenas 18 anos de idade, a jovem Angélica Leite trocou o computador pelas bonecas. "Aqui, a gente estimula a criatividade", afirma Angélica.
Enquete
Diferencial
Francisca Piancó
Bonequeira
As bonecas fabricadas debaixo do pé de manga são diferentes das vendidas na feira. As nossas têm mais qualidade
Edleusa Gonçalves
Bonequeira
Para mim, a integração com este grupo de mulheres representa a possibilidade de brincar novamente, retornar à infância
MAIS INFORMAÇÕES:
Bonequeiras do Crato
Av. Perimetral, 235
(88) 9970.5137
E-mail: tudaleite17@yahoo
EVOLUÇÃO
Trabalho ajuda a construir a cidadania
Crato. "É incrível a criatividade dessas artesãs/ bonequeiras. Quando pego as primeiras bonecas enviadas a São Paulo, em 2002, as quais chamamos de ´primitivas´, a diferença é brutal, incrível como elas evoluíram no aspecto estético, de qualidade, beleza e criatividade. Já estão prontas para serem importadas para qualquer lugar do mundo", comemora a psicodramatista Elizete Garcia.
Para ela, as bonecas de pano do Nordeste tornam-se, assim, parte integrante da construção de um processo de conscientização para a cidadania, para uma economia solidária, além de representarem uma "cultura viva", capaz de mobilizar forças e articular movimentos iniciais de um processo de inclusão social.
Psicologia
Este ano, Elizete conclui o curso de graduação de Psicologia e o tema será sobre "Empoderamento das Bonequeiras no Pé de Manga". A proposta é fazer uma análise processual com enfoque qualitativo no material colhido todos esses anos, composto por vídeos, documentários, depoimentos, oficinas da vida Tatadrama e Jogos Psicodramáticos realizados no Crato com o grupo, compondo assim, uma pesquisa centrada em uma tríade temática: retirante, subjetividade e empoderamento.
"Você pode tirar o homem de sua terra, mas não pode tirar a terra de dentro do homem". Ancorada nesta frase deixada por um retirante nordestino que morou em São Paulo, Elizete, que saiu do Crato com seis anos de idade, mantém o seu amor telúrico ao Nordeste. As bonecas, segundo afirma, além da importância, social, econômica e cultural, fazem parte de sua infância sofrida.
Currículo
Elizete Leite Garcia é psicodramatista didata, supervisora sócio-educacional na Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama (ABPS); autora do Tatadrama®, ministra Oficinas de Criatividade Tematizada para Empresas e Grupos abertos na área esportiva, social, educacional e cultural desde 1999.
Ela desenvolve trabalhos com grupos de várias faixas etárias com níveis sócio-culturais e educacionais diversificados aplicados a mais de 2000 pessoas. Ela é também agente social na formação da identidade das bonequeiras no pé de manga, do Crato, com o Projeto de Inclusão Social das Artesãs/Bonecas de Pano do Nordeste Brasileiro - Tatadrama®, desde o ano de 2002.
Psicodrama
Elizete é, ainda, autora e idealizadora do Psicodrama na Corrida Internacional de São Silvestre - "Razão, Emoção e Corpo", aplicados a mais de 1300 atletas. Mesmo com vários trabalhos, Elizete ainda encontra tempo para participar de reuniões científicas nacionais e internacionais com apresentações de trabalhos desenvolvidos nas áreas: Comportamental, Educacional, Psicodramática, além de Vivências Esportivas e, também, Sociais.
Mudança
"É incrível a criatividade dessas artesãs. Quanto às bonecas de 2002, a diferença é brutal"
Elizete Garcia
Psicodramatista
Elizete é, ainda, autora e idealizadora do Psicodrama na Corrida Internacional de São Silvestre - "Razão, Emoção e Corpo", aplicados a mais de 1300 atletas. Mesmo com vários trabalhos, Elizete ainda encontra tempo para participar de reuniões científicas nacionais e internacionais com apresentações de trabalhos desenvolvidos nas áreas: Comportamental, Educacional, Psicodramática, além de Vivências Esportivas e, também, Sociais.
Mudança
"É incrível a criatividade dessas artesãs. Quanto às bonecas de 2002, a diferença é brutal"
Elizete Garcia
Psicodramatista
MAIS INFORMAÇÕES:
Psicodramatista Elizete Leite Garcia
(11) 3768.8727
(11) 3714.2652
Antônio Vicelmo
Colaborador
Psicodramatista Elizete Leite Garcia
(11) 3768.8727
(11) 3714.2652
Antônio Vicelmo
Colaborador
Agulha, linha, retalhos de cores variadas. Muita conversa, imaginação e criatividade. Doze artesãs do município do Crato, no Cariri, descobriram um jeito de se reunir, colocar as conversas em dia e trabalhar. Além disso, manter a tradição das avós e mães: confeccionar bonecas de pano. Prontas, as bonecas servem para a dramatização e como fonte de renda. O grupo, inicialmente de 20 mulheres, ganhou um nome: "Bonequeiras do Pé de Manga" porque o encontro é debaixo de uma frondosa árvore que dá sombra nas tardes de lazer e integração dessas mulheres que já se tornaram conhecidas nacionalmente.
"A mangueira fica no terreiro da minha casa no bairro São Miguel. É lá que a gente se encontra às segundas-feiras, quintas-feiras e sextas-feiras", diz dona Ana Maria Leite, 52, uma das bonequeiras. Aliás, a família Leite foi quem iniciou a história do grupo. Naninha, Carmelita, Neusa e Lurdinha (essa falecida em 2005) fizeram questão de manter a cultura da brincadeira de boneca de pano viva no Sertão. As bonecas feitas pelas mulheres cratenses ganham as feiras de outras cidades e já foram até para São Paulo.
Tudo começou em 2002 com o incentivo da psicodramatista Elisete Leite Garcia. Ela nasceu no Crato e desenvolve o tatadrama, uma estratégia com diferentes dinâmicas como sensoriais e corporais. É associado às técnicas de psicodrama e sociodrama e, no caso das mulheres cratenses, foram feitos exercícios, brincadeiras com as bonecas e movimentos para despertar as emoções e os relacionamentos interpessoais.
As mulheres se sentiram estimuladas a resgatar a cultura dos antepassados, despertaram para a criatividade e para o trabalho solidário, segundo Elisete Leite. Ela é psicodramatista didata, supervisora socioeducacional da Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama (ABPS). Autora do tatadrama, ela ministra oficinas em empresas, grupos das áreas esportiva, social, educacional e cultural desde 1999.
Com a lembrança das brincadeiras de boneca no Crato, Elisete resolveu entrar em contato com uma amiga de infância e pediu que procurasse uma artesã que soubesse fazer bonecas de pano. Foi daí que surgiu o grupo de bonequeiras que também começou a resgatar sua auto-estima. Há seis anos, o trabalho começou com uma só artesã, passou pra 20, chegou a 40 e agora são 12 bonequeiras do pé de manga.
"As mesmas dinâmicas em grupo com a confecção das bonecas já foram aplicadas nos asilos, presídios, favelas, com pessoas idosas e com aquelas portadoras de necessidades especiais", diz Ana Maria Leite. "É uma terapia maravilhosa", diz. A estratégia, também aplicada em São Paulo, já envolveu mais de 1.700 pessoas. No ano passado, o grupo assinou convênio com a Universidade Regional do Cariri (Urca) que recebeu, como empréstimo, uma mesa e 20 cadeiras. A ação das mulheres foi incluída no projeto de extensão da Urca.
SERVIÇO
Bonequeiras no Pé de Manga - avenida Perimetral, 235 C, bairro São Miguel - Crato (CE) e-mail: tudaleite17@yahoo.com.br
FIQUE POR DENTRO
Acredita-se que a boneca de pano seja de origem africana. Elas estiveram presentes em todas as civilizações. Em cavernas pré-históricas de diversas partes do mundo, foram encontradas pequenas bonecas esculpidas em pedra.
No Brasil, enquanto as crianças da corte imperial brincavam com bonecas importadas, a bruxinha de pano, de indústria doméstica, precária e tradicional adquiriu forma entre as crianças pobres, tornando-se documento expressivo da arte popular. No Sertão nordestino havia meninas que faziam bonecas de sabugo de milho.
A Emília, do Sítio do Picapau Amarelo, é a boneca de pano mais famosa do Brasil. Ela, na trama de Monteiro Lobato, foi feita por Tia Nastácia para dar de presente à Narizinho. Emília é uma boneca de pano, recheada de macela. Em muitas histórias, Emília troca de vestido, é consertada ou é recheada novamente.
Uma outra boneca de pano ganhou fama pelas histórias infantis. A Boneca de Retalhos de Oz, o mundo mágico criado pelo escritor Frank Baum. Ela era usada para se espetar alfinetes e agulhas.
FONTE: Banco de Dados
"A mangueira fica no terreiro da minha casa no bairro São Miguel. É lá que a gente se encontra às segundas-feiras, quintas-feiras e sextas-feiras", diz dona Ana Maria Leite, 52, uma das bonequeiras. Aliás, a família Leite foi quem iniciou a história do grupo. Naninha, Carmelita, Neusa e Lurdinha (essa falecida em 2005) fizeram questão de manter a cultura da brincadeira de boneca de pano viva no Sertão. As bonecas feitas pelas mulheres cratenses ganham as feiras de outras cidades e já foram até para São Paulo.
Tudo começou em 2002 com o incentivo da psicodramatista Elisete Leite Garcia. Ela nasceu no Crato e desenvolve o tatadrama, uma estratégia com diferentes dinâmicas como sensoriais e corporais. É associado às técnicas de psicodrama e sociodrama e, no caso das mulheres cratenses, foram feitos exercícios, brincadeiras com as bonecas e movimentos para despertar as emoções e os relacionamentos interpessoais.
As mulheres se sentiram estimuladas a resgatar a cultura dos antepassados, despertaram para a criatividade e para o trabalho solidário, segundo Elisete Leite. Ela é psicodramatista didata, supervisora socioeducacional da Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama (ABPS). Autora do tatadrama, ela ministra oficinas em empresas, grupos das áreas esportiva, social, educacional e cultural desde 1999.
Com a lembrança das brincadeiras de boneca no Crato, Elisete resolveu entrar em contato com uma amiga de infância e pediu que procurasse uma artesã que soubesse fazer bonecas de pano. Foi daí que surgiu o grupo de bonequeiras que também começou a resgatar sua auto-estima. Há seis anos, o trabalho começou com uma só artesã, passou pra 20, chegou a 40 e agora são 12 bonequeiras do pé de manga.
"As mesmas dinâmicas em grupo com a confecção das bonecas já foram aplicadas nos asilos, presídios, favelas, com pessoas idosas e com aquelas portadoras de necessidades especiais", diz Ana Maria Leite. "É uma terapia maravilhosa", diz. A estratégia, também aplicada em São Paulo, já envolveu mais de 1.700 pessoas. No ano passado, o grupo assinou convênio com a Universidade Regional do Cariri (Urca) que recebeu, como empréstimo, uma mesa e 20 cadeiras. A ação das mulheres foi incluída no projeto de extensão da Urca.
SERVIÇO
Bonequeiras no Pé de Manga - avenida Perimetral, 235 C, bairro São Miguel - Crato (CE) e-mail: tudaleite17@yahoo.com.br
FIQUE POR DENTRO
Acredita-se que a boneca de pano seja de origem africana. Elas estiveram presentes em todas as civilizações. Em cavernas pré-históricas de diversas partes do mundo, foram encontradas pequenas bonecas esculpidas em pedra.
No Brasil, enquanto as crianças da corte imperial brincavam com bonecas importadas, a bruxinha de pano, de indústria doméstica, precária e tradicional adquiriu forma entre as crianças pobres, tornando-se documento expressivo da arte popular. No Sertão nordestino havia meninas que faziam bonecas de sabugo de milho.
A Emília, do Sítio do Picapau Amarelo, é a boneca de pano mais famosa do Brasil. Ela, na trama de Monteiro Lobato, foi feita por Tia Nastácia para dar de presente à Narizinho. Emília é uma boneca de pano, recheada de macela. Em muitas histórias, Emília troca de vestido, é consertada ou é recheada novamente.
Uma outra boneca de pano ganhou fama pelas histórias infantis. A Boneca de Retalhos de Oz, o mundo mágico criado pelo escritor Frank Baum. Ela era usada para se espetar alfinetes e agulhas.
FONTE: Banco de Dados
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